El Lissitzky  (1914) 



Uma arte construtiva que não decora, mas organiza a vida. El Lissitzky, 1922




Pintor, arquiteto, designer gráfico e fotógrafo El Lissitzky realizou de maneira marcante o ideal construtivista russo, e com sua visão influenciou profundamente o design gráfico.

Lazar Markovich Lissitzky nasceu em 23 de Novembro de 1890 em Pochinok, Império Russo. Por ser judeu foi rejeitado pela Academia de Artes de Petrogrado, acabando por estudar arquitetura em Darmstadt, Alemanha.

Uma de suas maiores influências foi seu amigo e colega de docência Maliévitch, desenvolvendo um estilo de pintura que chamou de PROUNS (acrônimo de “projetos para o estabelecimento [afirmação] de uma nova arte”). A ideia introduzia ilusões tridimensionais, trabalhando forma e espaço, combinando pintura e arquitetura, apontando o caminho para o design aplicado.

Béi Biélakh krasnâm klínon" (1919) - Uma cunha vermelha, símbolo do exército bolchevique revolucionário talha e invade uma esfera branca representando o Exército Branco Anti-comunista. As palavras estão dispostas a reforçar o movimento dinâmico.

Design na Totalidade

Ao planejar o livro “Dlia Golosa” 1923 (Para se Ler em Voz Alta) Lissitzky tinha a intenção de interpretar os poemas como “um violino acompanha um piano”. A genialidade do projeto não estava apenas na concepção da tipografia ou no uso e sobreposição de poucas cores, mas também no design do próprio livro, que continha abas demarcadas e recortadas que permitiam o leitor escolher o poema.

Capa Dlia Golosa
Poema Nossa Marcha

As imagens internas acompanhavam e se fundiam no texto, como podemos ver no poema "Nossa Marcha":
“Batam os tambores nas praças das revoltas, avermelhadas pelo sangue da revolução.”
A tipografia vibra e simula o impacto dos tambores, o quadrado vermelho representando a praça da cidade manchada de sangue.

Die Kunstismen (Os ismos da Arte) 1924 

Outro projeto marcante foi o livro Die Kunstismen - Os ismos da Arte - (1924) prezava a diagramação, equilíbrio e respeito aos espaços em branco. 

Visão

Lissitzky dizia que o artista/designer forjaria uma unidade entre arte e tecnologia que, através da construção de um novo mundo de objetos, dotaria a humanidade um ambiente e sociedade mais ricos.
Ele também previu que o sistema de Gutenberg seria ultrapassado e que os processos fotomecânicos o substituiriam abrindo novos horizontes para o design.
Em suas viagens para Berlim e Holanda, teve contato com o De Stijl, Bahuaus e dadaísmo. Fez diversas capas, trabalhou em conjunto e desenvolveu um estilo único que não se conformava apenas com as técnicas existentes, fazendo experimentações, utilizando fotomontagens e grids para passar mensagens complexas.

Russische Ausstellung (1929) Cartaz de Exposição - A imagem colossal de dois jovens encarando maravilhados o futuro se fundem dando uma posição igualitária para a mulher, algo revolucionário para a época, o terceiro olho simbolizando uma nova visão além do comum.
Acometido por uma tuberculose por 18 anos, El Lissitzky faleceu em dezembro de 1941, seis meses após a Alemanha invadir a Rússia. Mas seus conceitos e trabalhos continuam a nos marcar até hoje.
Lissitzky foi um dos grandes pioneiros [...]. Sua influência indireta foi generalizada e duradoura [...]. Uma geração que nunca ouviu falar dele [...] recebeu seu legado. Jan Tschichold


Ficou curioso? Veja mais trabalhos dele aqui.

Abaixo o documentário El Lissitzky - A Film of The Life,  que conta um pouco sobre a época e o impacto das inovações feitas por este designer.


Bibliografia

Meggs, Philip B. História do Design Gráfico: Philip B. Meggs e Alston W. Purvis. 4 ed. São Paulo: Cosac Naify, 2009.

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